Efeitos do Batismo
Primeiro, o
Espírito dado no Batismo é para o perdão dos pecados: “Arrependei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome do Senhor Jesus Cristo, para a remissão dos
pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo.” (At 2, 38) Aquele que é
batizado, recebendo o Espírito, recebe o perdão dos pecados. O Espírito do
Ressuscitado é Fogo que queima todo pecado e Água que faz brotar uma vida
nova.
O Espírito nos livra,
primeiramente, do Pecado Original. Todos nós, desde a nossa concepção, somos
membros de uma humanidade pecadora e desarrumada; uma humanidade que, desde o
início, teima em fechar-se para Deus. O resultado é o desequilíbrio, o egoísmo,
a falta de rumo.
Pelo simples fato de sermos humanos já fazemos parte deste fechamento em relação a Deus. Somos membros da humanidade, partilhamos do seu passado, que condiciona o nosso presente, o que somos, pensamos e fazemos, assim como o nosso presente condiciona o futuro dos nossos filhos. São Paulo diz: “Todos pecaram e estão privados da Glória de Deus” (Rm 3,23). O salmista canta: “Minha mãe já me concebeu pecador” (Sl 51, 5). É este o sentido do Pecado Original: ninguém nasce justo ou santo diante de Deus. Mesmo a criança, ainda sem pecado pessoal, já traz a marca do fechamento para Deus, do egoísmo, e o manifesta nas suas malcriações, no egocentrismo, nas chantagens infantis... É este estado que chamamos de Pecado Original.
É essa força do pecado que
o Batismo, na potência do Espírito Santo, apaga em nós: “Não existe mais
condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8, 1) E aos adultos,
também os pecados pessoais são perdoados: “Se Cristo está em vós, o corpo está
morto pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça (Rm 8, 2.10)”. O Batismo
torna-nos realmente santos; somos santificados pelo Espírito daquele que
destruiu o pecado: Cristo Jesus.
Aí surge uma questão
importante: se é assim, por que continuamos caindo em tentação? Por que
continuamos pecando, mesmo depois do Batismo? Para entender esta questão, é
necessário saber distinguir o que é pecado e o que é a concupiscência.
Sim, mesmo aquele que crê
em Jesus, e vive no seu Espírito, ainda experimenta a fraqueza. Isso acontece
porque permanece uma tendência, uma inclinação para o pecado. Essa inclinação,
segundo a Escritura e o Catecismo da Igreja, é a concupiscência. “O Batismo
confere àquele que o recebe a graça da purificação dos pecados. Mas o batizado
deve continuar a lutar contra a concupiscência da carne e as cobiças
desordenadas (CIC §2520)”. A concupiscência não é pecado em si, desde que o
cristão a combata: a doutrina da Igreja esclarece que a concupiscência foi-nos
deixada para que possamos “combater o bom combate (2Tm 4, 7)”. Um mal desejo é
concupiscência para o pecado, mas o pecado só se concretiza se alimentamos esse
desejo ou se o satisfazemos. Por isso Jesus ensina a pedir ao Pai Celestial:
“Não nos deixeis cair em tentação”.
E além do perdão dos
pecados, o Espírito que recebemos no Batismo nos une, incorporando-nos em Cristo
como membros de um só Corpo. Se temos o Espírito de Cristo, somos uma só coisa
com Ele: “Aquele que se une ao Senhor, constitui com ele um só Espírito (1 Cor
6, 17)”! Maravilha das maravilhas! Pelo Batismo, a Vida do Ressuscitado, que é o
Santo Espírito, habita em nós! Cristo está em nós e nós vivemos dEle e nEle!
Assim, podemos dizer que o Batismo nos “cristifica”. Como São Paulo, podemos
dizer: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim.” (Gl 2, 20)
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