sábado, 30 de abril de 2016

DOGMAS DA IGREJA - IV



 
 
 
 
Dogmas sobre o ser humano:


17 – O homem é formado de corpo material e alma espiritual


Este dogma foi afirmado no IV Concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216), e no Concílio Vaticano I (1869-70), sob Pio IX (1846-78). Segundo a doutrina da Igreja, o corpo é parte essencialmente constituinte da natureza humana, e não carga e estorvo como disseram certos hereges. Igualmente, para defender o dogma católico contra os que dizem que consta de três partes essenciais: corpo, alma animal e alma espiritual, o Concílio de Constantinopla declarou "que o homem tem apenas uma alma racional e intelectual" (Dz. 338). A alma espiritual é o princípio da vida espiritual e ao mesmo tempo o é da vida animal (vegetativa e sensitiva) (Dz. 1655).

Declaram as Sagradas Escrituras: "O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em seu rosto o alento da vida" (Gn 2,7). / "Antes que o pó volte à terra, de onde saiu, e o espírito retorne a Deus..." (Ecl 12,7). / "Não tenhais medo dos que matam o corpo e à alma não podem matar; temais muito mais Àquele que pode destruir o corpo e a alma na geena." (Mt 10,28).

Prova-se especulativamente a unicidade da alma no homem por testemunho da própria consciência, pela qual entendemos que o mesmo Eu, que é o princípio da atividade espiritual, é o mesmo que gera a sensibilidade e a vida vegetativa.


18 – O pecado de Adão se propaga a todos os seus descendentes por geração, não por imitação

O Pecado, que é morte da alma, se propaga de Adão a todos seus descendentes por geração, e não por imitação, sendo inerente a cada indivíduo.


19 – O homem caído não pode redimir-se a si próprio

Somente um ato livre por parte do Amor Divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo Pecado. Sendo Deus infinitamente Grande, Justo e Perfeito, o crime contra Ele é infinitamente grave. Só poderia então ser resgatado mediante um Sacrifício infinitamente meritório e reparador, do qual nós não seríamos capazes.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

DOGMAS DA IGREJA - III







Dogmas sobre a criação do mundo:

14 – Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada

A criação do mundo, a partir do nada, não apenas é uma verdade fundamental da Revelação cristã, mas ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas suas forças naturais, baseando-se, por exemplo, nos Argumentos Cosmológicos: Argumento da Causa Primeira1 e Argumento da Contingência2.


15 – Caráter temporal do mundo

O mundo teve princípio no tempo, pois o Infinito é capaz de criar o finito, e o Eterno é capaz de dar existência ao temporal.


16 – Conservação do mundo

Além de Criador, Deus é Conservador, pois conserva na Existência a todas as coisas criadas.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

DOGMAS DA IGREJA - II





Dogmas sobre Jesus Cristo:

 
6 – Jesus Cristo é verdadeiro Deus e Filho de Deus por Essência

O Cristo possui a infinita Natureza Divina com todas as suas infinitas Perfeições, por haver sido gerado eternamente por Deus.

7 – Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam ou confundem

Declara o Concílio de Calcedônia (451, IV): "Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele mesmo perfeito em Divindade e Ele mesmo perfeito em humanidade (...) que se há de reconhecer nas duas naturezas: sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação e de modo algum apagada a diferença de natureza por causa da união, conservando cada natureza sua propriedade e concorrendo em uma só Pessoa" (Dz. 148).

Conforme as Sagradas Escrituras, "o Verbo se fez carne..." (Jo 1,14). / "...o qual, sendo de condição divina, não reteve avidamente o fato de ser igual a Deus, mas se despojou de Si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens e aparecendo em seu porte como homem" (Fl 2,6-7). Vemos então que Cristo é possuidor de uma íntegra Natureza Divina e de uma íntegra natureza humana: a prova está, entre outros, nos seus milagres, em sua Ressurreição, em suas dores e no seu padecimento.
8 – Cada uma das Naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física

Declara o III Concílio de Constantinopla (680-681): "Proclamamos, conforme os ensinamentos dos Santos Padres, que não existem duas vontades físicas e duas operações físicas, de modo indivisível, de modo que não seja conversível, de modo inseparável e de modo não confuso. E estas duas vontades físicas não se opõem uma à outra como afirmam os ímpios hereges..." (Dz. 291 e Dz. 263-288).

Deus Filho diz a Deus Pai nas Sagradas Escrituras: "Não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres" (Mt 26,39). / "Não seja feita a minha vontade, mas sim a Tua." (Lc 22,42). – Diz ainda aos discípulos: "Desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas sim a vontade de Quem me enviou" (Jn 6,38). / "Ninguém me tira a vida, Eu a doei voluntariamente: tenho o poder para concedê-la e o poder de recobrá-la novamente" (Jo 10,18).

Apesar da dualidade física das duas vontades, existiu e existe a unidade moral, porque a vontade humana de Cristo se conforma em livre subordinação, de maneira perfeitíssima à Vontade Divina.

9 – Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho Natural de Deus Pai

“Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, para resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Missal Romano, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, 2ª Leitura – Gl 4, 4-5)


10 – Cristo imolou-se a si mesmo na Cruz como verdadeiro e próprio Sacrifício


No inefável Mistério, Cristo, por sua natureza humana, era ao mesmo tempo Sacerdote e Oferenda, mas por sua Natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era O Mesmo que recebia o Sacrifício.


11 – Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do Sacrifício de sua morte na Cruz


Jesus Cristo quis oferecer-se a Si mesmo a Deus Pai, como Sacrifício apresentado sobre a ara da Cruz em sua Morte, para obter-no o perdão eterno.


12 – Ao terceiro dia depois de sua Morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos


Ao terceiro dia, ressuscitado por sua própria Virtude, levantou-se Nosso Senhor Jesus do sepulcro.


13 – Cristo subiu em Corpo e Alma aos Céus e está assentado à direta de Deus Pai


Ressuscitou dentre os mortos e subiu ao Céu em Corpo e Alma.


quarta-feira, 27 de abril de 2016

DOGMAS DA IGREJA - I



PARA A IGREJA Católica, dogma é uma verdade de fé revelada por Deus. Logo, um dogma é imutável e definitivo; não pode ser mudado nem revogado, pois Deus, sendo Perfeito e Eterno, não está sujeito à mudança. – O SENHOR é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13,8).

Uma verdade divinamente revelada só pode ser considerada dogma quando proposta diretamente à fé cristã católica, através de uma definição solene (clarificação ou esclarecimento da Sã Doutrina), portanto infalível, do Magistério da Igreja. Para que tal aconteça, são necessárias duas condições:

a) O sentido deve ser suficientemente manifestado como sendo uma autêntica verdade revelada por Deus;

b) Essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, como sendo verdade revelada e parte integrante da fé católica.


São 43 dogmas proclamados pela Igreja, que os divide em 8 categorias distintas:


1. Dogmas sobre Deus;


2. Dogmas sobre Jesus Cristo;


3. Dogmas sobre a criação do mundo;


4. Dogmas sobre o ser humano;


5. Dogmas marianos;


6. Dogmas sobre o Papa e a Igreja;


7. Dogmas sobre os Sacramentos;


8. Dogmas sobre as últimas coisas (Escatologia).


Apresentamos abaixo a lista de todos os dogmas da Igreja Católica, com sua respectiva breve descrição, organizados em suas categorias:


Dogmas sobre Deus:


1 – A Existência de Deus

A ideia de Deus não é inerente em nós, já que transcende a natureza humana, mas nós temos capacidade natural para conhecê-Lo, de certo modo espontaneamente, por meio de sua obra. O ser humano pode saber que Deus existe, por exemplo, mediante a observação atenta do universo natural.


2 – A Existência de Deus como Objeto de Fé


A existência de Deus, porém, não é apenas objeto do conhecimento da razão natural, mas também e principalmente é objeto da fé sobrenatural.


3 – A Unidade de Deus

Não existe mais que um único Deus.


4 – Deus é Eterno

Deus não tem princípio nem fim, está além do espaço e do tempo como somos capazes de experimentá-los e concebê-los.


5 – A Santíssima Trindade


No Deus Uno há três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Cada uma possui a imutável Essência Divina.

domingo, 17 de abril de 2016

Oração à Sagrada Família




 
Jesus, Maria e José, modelos perfeitíssimos de recolhimento, caridade e humildade, alcançai-nos a graça de imitarmos as sublimes virtudes que praticastes na terra e dignai-vos proteger a todos nós, que agora prostrados na vossa presença imploramos o vosso patrocínio.
Lembrai-vos, ó Jesus, Maria e José, de que somos inteiramente vossos; defendei-nos, pois, de todo e qualquer perigo, socorrei-nos em nossas necessidades e dai-nos graças para nos mantermos constantemente na imitação da vossa santa Família, a fim de que, servindo-vos fielmente na terra,
possamos depois bendizer-vos por toda a eternidade no Céu. Amém.

sábado, 16 de abril de 2016






O Ângelus é uma oração da Igreja que honra a Encarnação do Salvador e, ao mesmo tempo, reconhece os méritos de fé e humildade da Virgem Maria: ela disse Sim a Deus quando o Anjo Gabriel (o próprio “Ângelus“, ou Anjo, que dá nome à oração) lhe anunciou que Deus a convidava para ser a Mãe de Jesus.
O Sim de Maria dá cumprimento ao anúncio dos profetas: “Uma Virgem conceberá e dará à luz o Salvador“. É um dos momentos cruciais da História da Salvação, porque marca o início da Redenção com a Encarnação de Cristo, celebrada pela Igreja no dia 25 de março, nove meses antes do Natal.
A composição da oração do Ângelus é atribuída ao beato papa Urbano II (pontífice de 1088 a 1099). Já a tradição de rezá-la três vezes ao dia foi iniciada pelo rei Luis XI, da França, em 1472.
Reza-se o Ângelus, tradicionalmente, às 6 horas, ao meio-dia e às 18 horas. Muitas localidades preservam o costume de tocar os sinos das igrejas para destacar a popularmente chamada “hora da Ave-Maria“.

 

Angelus

"O Anjo do Senhor anunciou a Maria
E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria…

Eis a escrava do Senhor.
Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.
Ave Maria…

E o Verbo divino se fez carne.
E habitou no meio de nós.
Ave Maria…

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos
Infundi, Senhor, nós Vos pedimos, em nossas almas a Vossa Graça, para que nós, que conhecemos pela Anunciação do Anjo a Encarnação do Cristo, Vosso Filho, cheguemos por sua Paixão e sua Cruz à glória da Ressurreição. Pelo mesmo Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém."

ou (no Tempo Pascal, do Domingo de Páscoa até o do Pentecostes)

Regina Coeli (Rainha do Céu)

Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia.
Porque Quem merecestes trazer em vosso seio, aleluia.

Ressuscitou, como disse, aleluia.
Rogai a Deus por nós, aleluia.

Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia.
Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.

Oremos
Ó Deus, que vos dignastes alegrar o mundo com a ressurreição de vosso Filho Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vos suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém."

sexta-feira, 15 de abril de 2016

SOBRE AS INDULGÊNCIAS






 
"A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório",
explica o sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá, padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.  Segundo ele, o perdão dos pecados não resolve o problema das doenças espirituais do homem, portanto, as indulgências são necessárias para que os efeitos do pecado, ainda no coração humano, sejam curados.

As indulgências são uma realidade antiga na Igreja Católica. E no decorrer dos anos, foram motivo de questionamentos para muitos, como também foram, para os que creem, um meio de rezar pelos falecidos e buscar a remissão dos pecados.
Em entrevista à equipe do noticias.cancaonova.com, padre Paulo traz uma definição simples e clara sobre a realidade das indulgências. O sacerdote também explica como elas surgiram na Igreja, qual seu objetivo e o que fazer para obtê-las.
noticias.cancaonova.com De forma prática e simples, como o senhor definiria as indulgências?
Padre Paulo – Para que as pessoas entendam o que é indulgência é necessário entender antes o que é pena temporal. Quando vamos nos confessar o sacerdote perdoa a pena eterna. Por causa dos nossos pecados, nós merecemos o inferno, então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e com isso nós seremos salvos.
Mas, ao mesmo tempo, o pecado tornou o nosso coração pior, nosso coração não está pronto para entrar no céu. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo. Por que ainda não amo a Deus de todo o coração, de toda alma e todo o entendimento. Então, a pessoa que morre nesta situação vai para o purgatório e, ali, purifica-se.
A indulgência é a remissão deste tempo do purgatório. A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório.
noticias.cancaonova.comComo surgiram as indulgências na Igreja?
Padre Paulo – No início do Cristianismo, quando as pessoas iam recorrer ao Sacramento da Reconciliação, a ordem das coisas era diferente como nos tempos de hoje. Atualmente, nós vamos ao padre, ele nos dá o perdão dos pecados e passa uma penitência para cumprirmos depois da confissão. No início da Igreja, era diferente: a pessoa confessava os seus pecados, o padre passava a penitência e, então, a pessoa ficava cumprindo aquela penitência durante vários meses e, às vezes, longos anos para que, finalmente, fosse perdoada.
Acontece que nesta época, havia a perseguição da Igreja e também havia vários mártires. Então, os cristãos que estavam aprisionados e que iam morrer condenados à morte pelos perseguidores do Império Romano, muitas vezes, escreviam cartas aos bispos dizendo: "senhor bispo, eu vou morrer e a minha morte será uma penitência. Use esta minha penitência para remir as penas, para perdoar a penitência de outra pessoa".
Eram mártires que se ofereciam para cumprir penitência no lugar daquelas pessoas. A origem da indulgência consiste nisso: sabermos que somos um só corpo. E sendo um só corpo enquanto Igreja, a penitência, o martírio de alguns, pode servir para compensar a penitência de outros. Na verdade, essa história de amor está na raiz do surgimento das indulgências.
noticias.cancaonova.com – A questão das indulgências é uma prática antiga na Igreja e sofreu algumas incompreensões em certos momentos da história. A que se deve a visão negativa que muitos tiveram com relação às indulgências?
Padre Paulo – Deve-se principalmente à reação de Lutero àquilo que era a prática das indulgências na Alemanha, na época da reforma protestante. A Igreja acredita que essas penitências que o fiel faz, podem realmente remir a pena do purgatório. Seja do próprio fiel, sejam das almas que estão no purgatório.
Entre essas várias práticas penitencial, existe a esmola. Acontece que na época da Alemanha, do tempo de Lutero, havia alguns pregadores que estavam abusando da prática da esmola. Havia na realidade uma espécie de venda das indulgências, ou seja, as pessoas recebiam a indulgência gratuitamente, mas a obra penitencial exigida delas era uma esmola. Então, isso fazia parecer que os pregadores estavam vendendo a indulgência. Lutero se revoltou contra isso e a partir da sua reação houve a revolta protestante.
noticias.cancaonova.com – Por que é necessário buscar as indulgências mesmo após ter recebido o Sacramento da Reconciliação?
Padre Paulo – Por que o perdão dos pecados não resolve o problema das nossas doenças espirituais, ou seja, uma vez que nós formos perdoados, nós precisamos ainda assim fazer práticas penitenciais. Por que é a penitência que irá, aos poucos, tornar o nosso coração um coração melhor. A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-la.
noticias.cancaonova.com – Qual a diferença entre a indulgência plenária e a parcial?
Padre Paulo – Indulgência plenária, o próprio nome diz, ela redime totalmente a pena que a pessoa teria que cumprir no purgatório. Enquanto a parcial, redime só em partes. A plenária é totalmente eficaz e definitiva para as pessoas mortas. Por exemplo, se eu tenho um parente que faleceu e cumpro uma obra indulgenciada, essa pessoa então, estaria liberta de todo o tempo do seu purgatório.
noticias.cancaonova.com – A Igreja ensina que para obter as indulgências o fiel precisa estar em estado de graça. O vem a ser este estado?
Padre Paulo – É um estado de amizade com Deus em que a pessoa não só recebeu o perdão dos pecados, mas também está disposta a abandonar qualquer tipo de pecado, até mesmo o venial.
noticias.cancaonova.com – Quais as outras condições para se obter indulgências? Quem pode e quem não pode recebê-las?
Padre Paulo – As indulgências plenárias, geralmente, consistem em uma obra que é indulgenciada e mais outras três condições: confissão, comunhão e oração pelo Santo Padre, o Papa. Estas três condições básicas sempre acompanham as obras que são indulgências plenárias.
A pessoa, para receber a indulgência, precisa ter condição para cumprir as obras. Se uma pessoa está em estado de pecado, numa situação irregular e não pode se confessar, logo, é evidente que ela não pode receber indulgência.
noticias.cancaonova.com – Quais as obras que, cumpridas, oferecem indulgência aos fiéis?
Padre Paulo – As obras podem ser: uma visita a um cemitério, uma Igreja, a um santuário; fazer uma peregrinação, dentre outras práticas. Mas,neste ano da Fé, o Santo Padre indulgenciou o fato de as pessoas estudarem o Catecismo da Igreja Católica ou os documentos do Concílio Vaticano II.
Então, se as pessoas que, durante esse Ano da Fé, estudarem o Catecismo num certo tempo ou lerem piedosamente os documentos do Vaticano II, elas podem, fazendo aquelas três condições básicas de confissão, comunhão e oração pelo Papa, receber indulgências plenárias.


Fonte : http://noticias.cancaonova.com/indulgencias-padre-paulo-explica-o-que-sao-e-quais-seus-


Oração para ganhar as indulgências do dia
"Tenho intenção e desejo de ganhar hoje todas as indulgências de que possa ser capaz, e as ofereço em satisfação dos meus pecados e em sufrágio pelas almas do Purgatório, especialmente as mais abandonadas. Amém."
 

 





efeitos/

quinta-feira, 14 de abril de 2016

O SACRAMENTO DO BATISMO ( parte IV )







Sacramento do Batismo: a Prática


Quem pode ser padrinho ou madrinha do Batismo? Qualquer católico(a) que possa educar na fé aquele que vai ser batizado.

E os que morrem sem Batismo? Deus “quer que todos os homens sejam salvos (1Tm 2, 4).” A Igreja crê que aqueles que, sem culpa, não chegaram a abraçar a fé cristã nem a receber o Batismo, mas tenham vivido retamente de acordo com a sua consciência, podem receber a salvação de Cristo por meios que somente Deus conhece. Quanto às crianças que morrem sem o Batismo, se por um lado já nascem feridas pelo Pecado Original, também já nascem marcadas pela mesma salvação, que Cristo trouxe para todos.

Quem é o ministro do Batismo? É o bispo, padre ou diácono. Em caso de real necessidade, qualquer pessoa, mesmo não batizada, pode batizar, utilizando a fórmula: “Eu te batizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Logo que possível, porém, deve-se levar o batizando à igreja para que um sacerdote celebre os ritos complementares e anote seu nome no livro dos batizados.


O que é necessário para o rito do Batismo? Fundamentalmente, a água. O Batismo pode ser feito por tríplice imersão ou infusão, isto é, derramando-se três vezes água na cabeça da criança e pronunciando-se as palavras rituais. São ritos complementares: o Sinal da Cruz (o batizado pertence a Cristo), a leitura da Palavra, a imposição da mão e a unção do peito (a Força de Cristo toma conta da pessoa, expulsando todo influxo maligno), a renúncia a Satanás, a confissão da fé católica, a unção com o Santo Crisma (o batizado foi ungido, como Cristo, pelo Espírito Santo), a veste branca (glória e imortalidade), a vela acesa (o novo cristão foi iluminado pelo Ressuscitado) e a oração do Pai Nosso, que recorda que o novo cristão agora é filho de Deus e pode, como Jesus, chamá-lo de Pai.


A preparação para o Batismo1 - Os pais cristãos têm obrigação de cuidar para que as crianças sejam batizadas nas primeiras semanas de vida, e toda a comunidade deve oferecer aos pais a oportunidade da preparação para o Batismo dos seus filhos. Essa preparação é um conjunto de iniciativas para oferecer aos pais e padrinhos a correta orientação e a inserção na vida da Igreja. O Batismo incorpora o batizando à comunidade, por isso o ideal é que a preparação e a celebração sejam feitos na paróquia onde os pais ou o próprio batizando (caso adulto) moram ou frequentem.


Os encontros com a comunidade devem ser participativos, fraternos e coerentes com a realidade da pessoa. É importante usar a sensibilidade e adequar o conteúdo aos participantes. A comunidade deve mostrar, através de gestos concretos, a vivência da fé e do amor fraterno. Crianças até sete anos de idade não precisam de preparação, mas acima disso devem ser inseridas na comunidade, assim como os adultos, para que aprendam a importância dos Sacramentos e possam vivenciar Deus de fato.

Em sua vida, até hoje, existiram diversos momentos decisivos e importantes, que são comemorados por você, por sua família e amigos todos os anos: o dia em que você nasceu, o dia em que se casou... São comemorações válidas, sem dúvida. E se essas coisas temporárias, que um dia perderão a importância e o significado, pois pertencem a este mundo passageiro, merecem ser celebradas, imagine então o dia do seu Batismo, dia em que você nasceu para a vida eterna, a vida na Graça Divina, que dura para sempre? O dia em que você foi integrado ao Corpo de Cristo?

Responda rápido: qual a data do seu Batismo? Você procura ir à Missa, ou pelo menos rezar de modo especial, nesse dia? Você reflete sobre o grande dom que Deus lhe ofereceu? Pois é... 

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Fontes e referência bibliográfica:
1. ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Diretório dos Sacramentos. São Paulo: Paulinas, 1982.

• COSTA, Henrique Soares, Pe. O Sacramento do Batismo, disponível em:
http://www.padrehenrique.com/index.php/sacramentos/batismo. Acesso em: 17 abr. 2012.
• HORTAL, Jesus. Sacramentos da Igreja na sua Dimensão Canônico-Pastoral. São Paulo: Loyola, 2000, pp. 51-80.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O SACRAMENTO DO BATISMO ( parte III )





Batismo das crianças na Bíblia?


A Sagrada Escritura cita vários exemplos de pagãos que professaram a fé cristã e que foram batizados "com toda a sua casa". A palavra "casa" ('oikos', no texto original em grego) designava o chefe de família com todos os seus domésticos, inclusive, sem nenhuma dúvida, as crianças:

"Disse-lhes Pedro: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar'." (At 2,38-39)
"E uma certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos dizendo: 'Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali'. E nos constrangeu a isso." (At 16,14-15)

"Tomando-os o carcereiro consigo naquela mesma noite, lavou-lhes os vergões; então logo foi batizado, ele e todos os seus." (At 16,33)

"Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados." (At 18,8)

"Batizei também a família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum outro." (1Cor 1,16)


No lugar e período histórico a que os textos sagrados se referem, simplesmente não existiam famílias sem crianças.

terça-feira, 12 de abril de 2016

O SACRAMENTO DO BATISMO ( parte II )








Efeitos do Batismo
 
 
 
 Primeiro, o Espírito dado no Batismo é para o perdão dos pecados: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome do Senhor Jesus Cristo, para a remissão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo.” (At 2, 38) Aquele que é batizado, recebendo o Espírito, recebe o perdão dos pecados. O Espírito do Ressuscitado é Fogo que queima todo pecado e Água que faz brotar uma vida nova.

O Espírito nos livra, primeiramente, do Pecado Original. Todos nós, desde a nossa concepção, somos membros de uma humanidade pecadora e desarrumada; uma humanidade que, desde o início, teima em fechar-se para Deus. O resultado é o desequilíbrio, o egoísmo, a falta de rumo.


Pelo simples fato de sermos humanos já fazemos parte deste fechamento em relação a Deus. Somos membros da humanidade, partilhamos do seu passado, que condiciona o nosso presente, o que somos, pensamos e fazemos, assim como o nosso presente condiciona o futuro dos nossos filhos. São Paulo diz: “Todos pecaram e estão privados da Glória de Deus” (Rm 3,23). O salmista canta: “Minha mãe já me concebeu pecador” (Sl 51, 5). É este o sentido do Pecado Original: ninguém nasce justo ou santo diante de Deus. Mesmo a criança, ainda sem pecado pessoal, já traz a marca do fechamento para Deus, do egoísmo, e o manifesta nas suas malcriações, no egocentrismo, nas chantagens infantis... É este estado que chamamos de Pecado Original.

 
É essa força do pecado que o Batismo, na potência do Espírito Santo, apaga em nós: “Não existe mais condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8, 1) E aos adultos, também os pecados pessoais são perdoados: “Se Cristo está em vós, o corpo está morto pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça (Rm 8, 2.10)”. O Batismo torna-nos realmente santos; somos santificados pelo Espírito daquele que destruiu o pecado: Cristo Jesus.
 
 
Aí surge uma questão importante: se é assim, por que continuamos caindo em tentação? Por que continuamos pecando, mesmo depois do Batismo? Para entender esta questão, é necessário saber distinguir o que é pecado e o que é a concupiscência.

Sim, mesmo aquele que crê em Jesus, e vive no seu Espírito, ainda experimenta a fraqueza. Isso acontece porque permanece uma tendência, uma inclinação para o pecado. Essa inclinação, segundo a Escritura e o Catecismo da Igreja, é a concupiscência. “O Batismo confere àquele que o recebe a graça da purificação dos pecados. Mas o batizado deve continuar a lutar contra a concupiscência da carne e as cobiças desordenadas (CIC §2520)”. A concupiscência não é pecado em si, desde que o cristão a combata: a doutrina da Igreja esclarece que a concupiscência foi-nos deixada para que possamos “combater o bom combate (2Tm 4, 7)”. Um mal desejo é concupiscência para o pecado, mas o pecado só se concretiza se alimentamos esse desejo ou se o satisfazemos. Por isso Jesus ensina a pedir ao Pai Celestial: “Não nos deixeis cair em tentação”.

E além do perdão dos pecados, o Espírito que recebemos no Batismo nos une, incorporando-nos em Cristo como membros de um só Corpo. Se temos o Espírito de Cristo, somos uma só coisa com Ele: “Aquele que se une ao Senhor, constitui com ele um só Espírito (1 Cor 6, 17)”! Maravilha das maravilhas! Pelo Batismo, a Vida do Ressuscitado, que é o Santo Espírito, habita em nós! Cristo está em nós e nós vivemos dEle e nEle! Assim, podemos dizer que o Batismo nos “cristifica”. Como São Paulo, podemos dizer: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim.” (Gl 2, 20)



segunda-feira, 11 de abril de 2016

O SACRAMENTO DO BATISMO ( parte I )








Esta foto foi tirada durante o Batismo de Valentino Mora, filho de Erica Mora. No momento em que o padre derrama a água sobre sua cabeça, esta flui na mais perfeita forma de um Rosário. Aconteceu na Paróquia da Assunção de N. Sª em Córdoba, Espanha. No momento em que Valentino chegou à pia batismal para receber o Sacramento, Erica pediu à fotógrafa Maria Silvana Salles, contratada por outros pais, que tirasse uma foto de seu filho como um favor, já que ela não tinha como pagar

É fundamental que todo cristão compreenda bem a importância da graça do Batismo em sua vida. Este artigo, claro, não é suficiente para esclarecer completamente toda a riqueza e o valor do maravilhoso Sacramento do Batismo. Serve mais como um convite à reflexão.
 
O batismo de João e o Batismo cristãoNinguém pode compreender o Batismo sem pensar na Ressurreição de Jesus. Na madrugada daquele domingo glorioso, o Pai derramou o Espírito Santo, Espírito de Ressurreição, sobre o Filho: seu Corpo e Alma foram ressuscitados. Jesus ficou pleno do Espírito Santo, de modo que sua natureza humana tornou-se gloriosa: Jesus foi manifestado na carne (natureza humana) e justificado (e ressuscitado) pelo Espírito (1Tm 3, 16).

Jesus Cristo, glorificado pelo Espírito Santo, entrou no Cenáculo de Jerusalém e derramou o Espírito da Ressurreição sobre os Apóstolos: “A paz esteja convosco! Recebei o Espírito Santo (Jo 20, 19-22)!” Jesus recebeu do Pai o Espírito Santo prometido, batizou nEle a Igreja e derramou sobre nós este mesmo Espírito (At 2, 32)!

João Batista já havia profetizado: “Eu batizo com água, mas vem aquele que batizará com o Espírito e com Fogo” (Jo 1, 33; Lc 3, 16). O batismo de João, na água, era preparatório para a vinda do Messias: ainda não era o Sacramento do Batismo, não era o Batismo cristão. É o Messias, isto é, o Ungido no Espírito de Ressurreição, quem batizará no Espírito. Cristo mesmo diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, o Senhor me ungiu” (Lc 4, 18). Os cristãos, portanto, nunca tiveram “batismo nas águas”: o nosso Batismo é no Espírito Santo! Falar em “batismo nas águas” é voltar ao Antigo Testamento; é parar em João Batista e desprezar o Sacramento do Batismo trazido por Cristo!

Foi no Domingo da Páscoa que os Apóstolos tornaram-se realmente cristãos; receberam a vida nova do Ressuscitado, foram transfigurados em Cristo! Aí nasceu a Igreja: na Ressurreição! Aí ela foi batizada e recebeu o poder de batizar: “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio (Jo 20, 21)!” Assim, a Igreja deve batizar todo aquele que crê. Isto significa acolher Jesus Ressuscitado nas águas do Batismo. A palavra “batizar” vem do grego e significa, literalmente, mergulhar, imergir. Mas não significa mergulhar na água, e sim a imersão no Espírito Santo de Deus, o Espírito prometido que ressuscitou Jesus! É isso que o Evangelho afirma: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3, 5)”. Observe bem: da água, símbolo e sinal do Espírito, renascer do próprio Espírito!

O mesmo Evangelho confirma: “Jesus, de pé, diz em alta voz: ‘Se alguém tem sede, venha a mim e beba!’ (...) Ele falava do Espírito que deviam receber os que creram nEle...” (Jo 7, 37-39). São Paulo explicou: “De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único Corpo (1Cor 12, 13).” Os cristãos não batizam somente na água que purifica o corpo, e sim no Espírito que Jesus dá por sua Ressurreição!
 
 
 


domingo, 3 de abril de 2016

O Juizo Final



                                            Quando será o juízo final? Em que consistirá?

 A ressurreição de todos os mortos, “dos justos e dos pecadores” (At 24, 15), precederá o Juízo final. «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz e (…) os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 28-29). Então, Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos [...]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. [...] Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46).

O Juízo final sucederá quando vier o Cristo glorioso. Só o Pai conhece o dia e a hora em que terá lugar, só Ele decidirá da sua vinda. Então Ele pronunciará por meio do seu Filho Jesus Cristo, a sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua Providência terá conduzido todas as coisas até ao seu fim último. O Juízo final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e que o seu amor é mais forte que a morte (cf. Ct.8, 6).

A mensagem do Juízo final apela à conversão enquanto Deus dá aos homens ainda “o tempo favorável, o tempo de salvação” (2 Co 6, 2). Inspira o santo temor de Deus. Compromete para a justiça do Reino de Deus. Anuncia a “bem-aventurada esperança” (Tt 2, 13) do regresso do Senhor que “virá para ser glorificado nos seus santos e admirado em todos os que tiverem acreditado” (2 Ts 1, 10).

Catecismo da Igreja Católica, 1038-1041

Contemplar o mistério
Quando pensares na morte, não tenhas medo, apesar dos teus pecados. Porque Ele já sabe que O amas... e de que massa és feito. Se tu O procurares, Ele acolher-te-á como o pai ao filho pródigo. Mas tens de O procurar!
Sulco, 880
- Para salvar o homem, Senhor, morres na Cruz; e, contudo, por um só pecado mortal, condenas o homem a uma eternidade infeliz de tormentos...: quanto te ofende o pecado, e quanto devo odiá-lo!

"Conheço algumas e alguns que não têm sequer força para pedir socorro", dizes-me desgostoso e cheio de pena. Não passes por eles de largo; a tua vontade de te salvares e de os salvares pode ser o ponto de partida da sua conversão. Além disso, se reconsiderares, notarás que a ti também te estenderam a mão.
Sulco, 778

O mundo, o Demónio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho dum prazer - que nada vale - Ihes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no Sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade.
Caminho, 708

- Para salvar o homem, Senhor, morres na Cruz; e, contudo, por um só pecado mortal, condenas o homem a uma eternidade infeliz de tormentos...: quanto te ofende o pecado, e quanto devo odiá-lo!
Forja, 1002

6. No final dos tempos Deus prometeu céu novo e uma nova terra. Que devemos esperar?
A Sagrada Escritura chama “céus novos e nova terra” a esta renovação misteriosa que transformará a humanidade e o mundo (2 P 3, 13; cf. Ap 21, 1). Esta será a realização definitiva do desígnio de Deus de “fazer com que tudo tenha Cristo como Cabeça, o que está nos céus e o que está na terra” (EF.1, 10).

Para o homem esta consumação será a realização final da unidade do género humano, querida por Deus desde a criação e de que a Igreja peregrina era “como que o sacramento” (LG 1). Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a Cidade Santa de Deus. Já não estará ferida pelo pecado, pelas manchas, pelo amor próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica de Deus será a fonte imensa de felicidade, de paz e de comunhão mútua.

“Ignoramos o momento da consumação da terra e da humanidade, e não sabemos como o universo se transformará.

Certamente, a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa, mas é-nos ensinado que Deus tem preparada uma nova morada e uma nova terra em que habita a justiça e cuja bem-aventurança cumulará e superará todos os desejos de paz que se surgem nos corações dos homens” (GS 39).

“Não obstante, a espera de uma nova terra não deve debilitar, mas antes avivar bem a preocupação por cultivar esta terra onde cresce o corpo da nova família humana que pode apresentar já, de certo modo, um esboço dos novos tempos. Por isso, embora se tenha de distinguir cuidadosamente o progresso terreno do crescimento do Reino de Cristo, contudo, o primeiro, na medida em que pode contribuir para ordenar melhor a sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus” (DS 39).
Catecismo da Igreja Católica, 1043-1049

Contemplar o mistério
Enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se à levedura que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada.

Quem compreender o reino que Cristo propõe, reconhece que vale a pena jogar tudo para o conseguir: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesoiro encontrado no campo. O reino dos céus é uma conquista difícil e ninguém tem a certeza de o alcançar, embora o clamor humilde do homem arrependido consiga que se abram as suas portas de par em par.
Cristo que passa, 180

O reino dos céus é uma conquista difícil e ninguém tem a certeza de o alcançar, embora o clamor humilde do homem arrependido consiga que se abram as suas portas de par em par.
Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça nas nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, supõem já uma antecipação do Céu, um começo destinado a crescer dia a dia. Nós, cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, na qual se fundamentam e compenetram todas as nossas ações.
Cristo que passa, 125

O tempo é o nosso tesouro, o "dinheiro" para comprarmos a eternidade.
Sulco, 882


Opus Dei - José Maria  Escrivá

sábado, 2 de abril de 2016

A nova Aliança





O que é a Nova Aliança que Deus fez com os homens ?
 
Deus havia feito Alianças com Noé (Gênesis 9.8-16), com Abraão (Gênesis 12.1-3), com Israel (Êxodo 19.5), com Davi (Salmos 89.3,4), com Salomão (II Crônicas 7.11-22) e muitos outros que renovaram esta Aliança como Josué (Josué 24.14-25), mas sempre o povo quebrava sua parte na Aliança com Deus. Estas antigas alianças eram sempre feitas de um lado por Deus que é eterno e perfeito e de outro por homens que são falhos e passageiros. Então foi preciso fazer uma Nova Aliança, mas que não pudesse jamais ser quebrada. Isso só foi possível através do próprio Deus se encarnando em forma humana na pessoa de Jesus Cristo. Deste modo a Aliança feita em Jesus é totalmente perfeita, eterna e não pode ser quebrada, pois não foi feita por um homem que tenha falhas ou pecados, mas com o puro e imaculado sangue de Jesus (Hebreus 9.14).
 
Mesmo que o pecador abandone sua aliança com Deus, o Senhor continua fiel em seu acordo, embora a pessoa que deixa perca seus direitos nas promessas desta Aliança. Quando o pecador se arrepende de seus pecados, o Espírito Santo o convence e ele volta a fazer parte desta mesma Aliança (João 16.8-11).

Jesus, oferecendo sua vida a Deus na Cruz, instituiu a Nova Aliança, isto é, a nova forma de união de Deus com os homens que havia sido profetizada por Isaias ( Is 42,6), Jeremias (Jr 31, 31-33) e Ezequiel (Ez 37,26). O Novo Pacto é a aliança selada no corpo de Cristo entregue por nós e em seu sangue derramado por nós (Mt 26,27-28).

Cruz é sacrifício de propiciação e de reparação pelo pecado (Rm 3,25; Hb 1,3; 1 Jo2,2; 4,10). Cristo manifestou ao Pai o amor e a obediência que nós homens lhe havíamos negado com nossos pecados. Sua entrega fez justiça e satisfez o amor paterno de Deus que havíamos rechaçado desde o início da história.

A Cruz de Cristo é ato de redenção e de libertação do homem. Jesus pagou nossa liberdade com o preço de seu sangue, isto é, de seus sofrimentos e de sua morte ( 1 P 1,18). Mereceu com sua entrega nossa salvação para incorporar-nos ao reino dos céus: “Ele nos livrou do poder das trevas e nos transladou ao Reino do Filho de seu amor, no qual temos a redenção: o perdão dos pecados." (Col 1,13-14).

                                     JESUS A NOVA E ETERNA ALIANÇA  !

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O inferno






Com a palavra inferno (em hebreu sheol, em grego ades, em latim infernus) designa-se o lugar onde as almas culpadas são castigadas na outra vida. Com respeito ao mesmo, o ensinamento da Igreja Católica se manteve sempre unânime em que “existe e a ele vão imediatamente as almas dos que morrem em pecado mortal”.
Dividirei minha resposta em dois pontos: a existência do inferno e a natureza do mesmo.
1. O inferno existe ou não existe?
A existência do inferno é uma verdade de fé que consta expressamente na Sagrada Escritura e foi expressamente definida pela Igreja com seu magistério infalível.
A Sagrada Escritura se refere ao inferno com diversos nomes: abismo (Ap 9,11), fornalha ardente (Mt 13,42), fogo eterno (Mt 18,8), lago de fogo e enxofre (Ap 19,20), trevas (Mt 8,12), lugar de tormento (Lc 16,28), perdição, destruição (Mt 7,13), tártaro (2Pe 2,4), fogo inextinguível (Mc 9,43), etc.
Também fala dele explicitamente como lugar dos condenados. Por exemplo: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos… E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos irão para a vida eterna (Mt 25,41.46); Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dos justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. (Mt 13, 49-50); etc.
O Magistério definiu-o expressamente, por exemplo, no Símbolo Atanasiano (composto entre os anos 450 e 500): “E os que obraram… mau (irão) ao fogo eterno”; e acrescenta: “esta é a fé católica: todo aquele que não a acredita fiel e firmemente, não poderá salvar-se”[1]. Inocêncio III escreveu: “A pena do pecado… atual é o tormento da geena eterna”[2]. E com toda força se lê em Bento XII: “Definimos, além disso, que, segundo a comum ordenação de Deus, as almas dos que morrem em atual pecado mortal, imediatamente depois de sua morte descendem ao inferno, onde são atormentadas com as penas infernais”[3].
Embora não passe de caráter ilustrativo, vale a pena mencionar que a maioria das religiões e dos filósofos pagãos acreditaram e ensinaram, da mais remota antigüidade, a existência do inferno[4]. O motivo pelo qual vem postulado pela razão é a santidade e justiça de Deus que não pode admitir o fato de que fiquem impunes os grandes pecados e crimes que nesta vida a justiça não castiga. Por isso dizia um poeta (De Lille):
Los que volcáis, haciendo a Dios la guerra
las aras de las leyes eternales,
¡temblad! ¡Sois inmortales!
Los que gemís desdichas pasajeras,
que vela Dios con ojos paternales,
peregrinos de un día a otras riberas,
¡calmad vuestro dolor! ¡Sois inmortales!
Vós que tombais, fazendo a Deus a guerra,
os altares das leis eternais,
tremei! Sois imortais!
Vós que gemeis desditas passageiras,
que vela Deus com olhos paternais,
peregrinos de um dia a outras ribeiras,
acalmai vossa dor! Sois imortais!
2. E em que consiste o inferno?
Jesus Cristo explicou magnificamente o que é o inferno ao pronunciar a frase que escutarão os condenados no dia do Juízo: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos (Mt 25,41). O inferno consiste, pois: no afastamento definitivo de Deus (apartai-vos) e nas penas sensíveis (para o fogo); e isto para sempre (eterno), em companhia dos demônios e dos outros condenados (o diabo e seus anjos). Pode-se sintetizar em duas coisas: a pena de dano e a pena de sentido.
1º A pena de dano
A pena de dano consiste na privação eterna da visão de Deus e de todos os bens que dela se seguem. Esta é uma verdade de fé. Ensina o Catecismo que o inferno é o “estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados”; e também que “a pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira”[5].
Portanto, o inferno se caracteriza por ser um estado de auto-exclusão, quer dizer, que é o mesmo homem que se condena, quem toma a decisão de condenar-se. Essa decisão está contida na determinação de pecar e de não arrepender-se de seu pecado. Como escreveu um autor: o inferno tem uma porta que se fecha por dentro.
Deve-se dizer que a pena de dano, no que tem de essencial, constitui para o condenado a maior e mais terrível de suas penas. Isto é o que quer dizer Santo Agostinho quando escrevia: “A pena de dano é tão grande como o mesmo Deus”. E ele mesmo diz: “Perecer para o reino de Deus, exilar-se da cidade de Deus, alienar-se da vida de Deus, necessitar da imensa doçura de Deus…, é uma pena tão grande que não pode haver tormento algum entre os conhecidos que possa ser comparado a este”[6]. São João Crisóstomo escreve estas singulares palavras: “Há muitos homens que, julgando absurdamente, desejam acima de tudo evitar o fogo do inferno; mas eu acredito que incomparavelmente maior que a do fogo será a pena de haver perdido para sempre aquela glória (o céu); nem acredito que sejam mais dignos de choro os tormentos do inferno que a perda do reino dos céus; porque este tormento é o mais angustioso de todos”[7].
Junto com esta privação de Deus, a pena de dano consiste, de modo secundário, na privação de todos os bens que se seguem da visão beatífica, quer dizer:
a) a exclusão do céu, ou seja, da verdadeira pátria das almas; os condenados são uns exilados eternos de sua verdadeira pátria;
b) a exclusão da companhia de Jesus e da Virgem Maria, dos anjos, santos e bem-aventurados do céu;
c) a privação da luz com a que os bem-aventurados contemplam a formosura de todas as coisas naturais e sobrenaturais;
d) a perda eterna de todos os bens sobrenaturais: a graça, as virtudes, os dons do Espírito Santo, etc.;
e) a privação da glória do corpo e dos atributos que usufruem os corpos gloriosos.
2º A pena de sentido
Junto com a pena de dano os condenados sofrem a pena de sentido. Esta pena atormenta desde já os condenados e atormentará seus mesmos corpos depois da ressurreição universal. Esta é uma verdade de fé expressamente definida.
Já vimos as expressões que a respeito se contêm na Escritura: pranto, ranger de dentes, fogo, lágrimas, lamentos, etc.
Estas penas poderão ser, como alguns querem, de caráter misterioso para nós. Mas não se pode negar sem cair no erro a existência e dureza incomparável das mesmas.
3º para sempre…
E tudo isto para sempre. O inferno é eterno; talvez esta seja a verdade mais impressionante que se possa dizer sobre ele; e é uma verdade de fé. Já disse Jesus Cristo: fogo eterno (Mt 25,41). Também citei já alguns textos do Magistério.
O grande poeta e teólogo que foi Dante Alighieri disse que sobre a porta do inferno há uma inscrição com estas palavras:
 
Per me si va ne la città dolente,
per me si va ne l’etterno dolore,
per me si va tra la perduta gente.
Giustizia mosse il mio alto fattore:
fecemi la divina podestate,
la somma sapienza e ‘l primo amore.
Dinanzi a me non fuor cosa create
se non etterne, e io etterno duro.
Lasciate ogne speranza, voi ch’intrare.
 
Traduzidas querem dizer:
 
Por mim se vai à cidade dolente,
por mim se vai à eterna dor,
por mim se vai atrás da perdida gente.
Justiça moveu a meu Alto Fazedor:
me fez o divino Poder,
a suma Sabedoria e o primeiro Amor.
antes de mim não houve substância criada
senão eterna, e eu eternamente duro.



Vós que entrais, deixai toda esperança.
E isto é assim porque não há possibilidade teológica de um fim para as penas do inferno. Com efeito, os tormentos do condenado só poderiam terminar se este reparasse seus pecados e se reabilitasse, ou se Deus o perdoasse sem que se arrependesse, ou se Deus o aniquilasse. Nenhuma das três coisas é possível.
a) O arrependimento do condenado é impossível. Não há arrependimento sem uma graça de Deus que o produza, e com a morte em pecado, o pecador já perdeu toda graça. Por isso a Igreja condenou como herética a doutrina que expôs a hipótese deste arrependimento “post mortem”[8]. O condenado está obstinado em seu pecado.
b) Deus não pode perdoar o condenado sem que este se arrependa, porque isto contradiz sua Justiça (a quem corresponde castigar o delito com penas proporcionadas; e só a pena infinita pode ser proporcionada a um delito contra a Magestade infinita), sua Sabedoria (que faz com que seus decretos eternos se cumpram sem mudança nem modificação alguma) e seu Amor (pois Deus não castigaria tão terrivelmente ao pecador se não o houvesse amado tanto; se não houvesse cometido a loucura de morrer por ele na cruz).
c) Deus não pode aniquilar o condenado, porque esta hipótese também contradiz sua sabedoria e sua justiça.
O inferno eterno, embora nos surpreenda, é a manifestação mais clara do respeito que Deus tem por nossa liberdade. Ao que escolheu o inferno com seu pecado, e voltou a escolhê-lo com sua obstinação no pecado (apesar de tantas graças divinas que recebeu durante a vida), Deus não pode lhe dar outra coisa que o que ele pediu.
3. Ser responsáveis
Diz o Catecismo: “As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: ‘Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram’ (Mt 7,13-14). Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrena, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos sermos contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes”[9].