quinta-feira, 17 de março de 2016

AS SETE PLAVRAS DA CRUZ





O profeta Isaías mostra-nos que Jesus Cristo foi para a cruz “como um cordeiro que se conduz ao matadouro (Ele não abriu a boca)” (Is 53,7).

Mas o Senhor quis deixar-nos as suas últimas palavras, já pregado na Cruz. Sabemos que as últimas palavras de alguém, antes da morte, são aquelas que expressam as suas maiores preocupações e recomendações. A Igreja sempre guardou essas “Sete Palavras” com profundo amor, respeito e devoção, procurando tirar delas todo o seu riquíssimo significado.

1 – “Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34)
Com essas palavras Jesus selava todo o seu ensinamento sobre a necessidade de “perdoar até os inimigos” ( Mt 5,44). Na Cruz o Senhor confirmava para todos nós que é possível, sim, viver “a maior exigência da fé cristã”: o perdão incondicional a todos. Na Cruz Ele selava o que tinha ensinado:
“Não resistais ao mau. Se alguém te feriu a face direita, oferece-lhe também a outra… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis filhos do vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons” (Mt 5,44-48). “Se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará”(Mt 6,14).
Certa vez Pedro perguntou-Lhe: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 21-22).
 
2 – “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43)
Com essas palavras de perdão e amor ao “bom”  ladrão, Jesus nos mostra de maneira inequívoca o oceano ilimitado de sua misericórdia. Bastou Dimas confiar no Coração Misericordioso do Senhor, para ter-lhe abertas, de imediato,  as portas do Céu.
Não é à toa que a Igreja ensina que o pior pecado é o da desesperança, o de não confiar no perdão de Deus, por achar que o próprio pecado possa ser maior do que a infinita misericórdia do Senhor. Uma grande tentação sempre será,  para todos nós, não confiar na misericórdia de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia: “como a misericórdia e a bondade do coração de Jesus são pouco conhecidas”! “Jesus, eu confio em Vós”.
 
3 – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Mt 27,46)
Estas palavras, que também estão no Salmo 21, mostram todo o aniquilamento do Senhor. É aquilo que São Paulo exprimiu muito bem aos filipenses: “aniquilou-se  a  si  mesmo,  assumindo a condição de escravo” (Fil 2,8). Jesus sofreu todo o aniquilamento possível de se imaginar: moral, psicológico, afetivo, físico, espiritual, enfim, como disse o profeta: “foi castigado por nossos crimes e esmagado por nossas iniquidades…” (Is 53,5). Depois de tudo isto “ninguém tem mais o direito de duvidar do amor de Deus”. Será uma grande blasfêmia alguém dizer que Deus não lhe ama, depois que Jesus sofreu tanto para assumir em si o pecado de todos os homens e de cada homem. Paulo disse aos Gálatas: “Ele morreu por mim”(Gal 5,22).
 
4 – “Mulher, eis aí o teu filho”…“Filho, eis aí tua Mãe” (Jo19,26)
Tendo entregando-se  todo pela nossa salvação, já prestes a morrer, Jesus ainda nos quis deixar o que Ele tinha de mais precioso nesta vida, a sua querida Mãe. E como Jesus confiava nela! A tal ponto de querê-la para nossa Mãe também. Todos aqueles que se esquecem de Maria, ou, pior ainda, a rejeitam, esquecem e rejeitam também a Jesus, pois negam receber de Suas mãos, na hora suprema da  Morte, o seu maior Presente para nós.

5 – “ Tenho sede! ” (Jo 19,28)
Dizem os Padres da Igreja que esta “sede” do Senhor mais do que sede de água, é sede de almas a serem salvas, com o seu próprio Sacrifício que se consumava naquela hora. E esta “sede” de Jesus continua hoje, mais forte do que nunca. Muitos ainda, pelos quais ele derramou o seu sangue preciosíssimo, continuam  vivendo uma vida de pecado, afastados do amor de Deus e da Igreja.  Quantos e quantos batizados, talvez a  maioria,  nem sequer vai à Missa aos domingos, não sabe o que é uma Confissão há anos, não comunga,  não reza, enfim, vive como se Deus não existisse…

6 – “Tudo está consumado” (Jo 19,30)
Nos diz São João: “sabendo Jesus que tudo estava consumado…”, isto é, Jesus tinha plena consciência que tinha cumprido “toda” a sua missão salvífica, conforme o desígnio santo de Deus. Enquanto tudo não estava cumprido, Ele não “entregou” o seu espírito ao Pai. Assim, fica  bem claro que a nossa salvação depende agora de nós, porque a parte de Deus já foi perfeitamente cumprida até às últimas consequências.
7 – “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)
Confiando plenamente no  Pai, que Ele fizera também nosso Pai ao assumir a nossa humanidade, Jesus volta  para Aquele que  tanto amava. É o seu destino, o coração do Pai; e é o nosso destino também. Ao voltar para o Pai,  Jesus indica o nosso fim; o seio do Pai, o Céu.
“Vós sois cidadãos do Céu” (Fil 3,20), grita o Apóstolo; por isso, como diz a Liturgia, é preciso “caminhar entre as coisas que passam, abraçando somente as que não passam”.
 
Prof. Felipe Aquino
 

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